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Mostrando postagens de março, 2017
  Quero ser outra pessoa, quero ter outra vida. Mas ao mesmo tempo, amo tudo que tenho e o que eu sou. Me sinto extremamente culpada ao escrever essa primeira frase. Mas queria ser melhor, mas bonita, mais inteligente, mais sorridente, assim quase um sonho de moça.   Há bastante tempo eu não ouço um elogio de quem eu mais busco tais palavras. E infelizmente eu me lembro bem de todas as últimas críticas. Não tenho mais vontade de felicidade ou liberdade por essas causas. De fato, alguém tem que me cobrar decência, trabalho, resultados, medalhas, honras, méritos. Afinal, essa pessoa pode voltar para as colônias espirituais e ser cobrada, então eu tenho que dar errado sozinha.   Tenho vontade de me sumir, pegar minhas coisas, ou nem pegar nada, e desaparecer. Odeio o fato de não poder usar o argumento que eu não pedi pra nascer, mas pelo menos posso falar: me arrependo de ter pedido. 
  Prometi à mim mesma que não vou casar, não vou ter filhos, nem farei formatura de faculdade. Por quê? Porque eu acho que esses eventos são para os outros, não pra quem os faz.   Cansei dessas coisas de agradar, de dividir momentos, de compartilhar felicidades. Cansei de confiar meus sorrisos, meus olhares cúmplices, minhas risadas à pessoas que depois fazem coisas que magoam demais parar que eu lembre que elas estão no papel delas.  
  Como tudo que eu queria agora é ter os sonhos realizados. Escrevo esse texto no papel após anos sem pegar uma caneta, sem pensar em copiar algo de algum lugar. Nesses últimos anos só sei escrever textos copiados de lousas, redações de vestibular e contas matemáticas que agora me surpreendem por terem se tornado muito simples.   Sinto saudade da liberdade de ser criativa. Mas a culpa me devora, a inveja me amargura. Quero ter uma vida feliz como os rostos das fotos de redes sociais que vejo. Enquanto eu não fizer a minha missão, ficarei nessa infeliz culpa invejosa.